Agrícola
Atvos tem economia de R$ 5,8 milhões com CIA
Em busca de reduzir custos das suas operações, a Atvos, que se encontra em Recuperação Judicial, vem estruturando, desde outubro, a integração das suas atividades do campo. Com a criação de um Centro de Inteligência Agrícola, chamado de Projeto Cubo, a companhia gerou, já na primeira fase, uma economia de R$ 5,8 milhões.
As primeiras unidades que implementaram o projeto, que aplica tecnologia e otimiza logística na colheita e transporte de cana, foram Rio Brilhante e Nova Alvorada do Sul.
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“O Projeto Cubo, conceitualmente falando, é um CIA. Entretanto, o rápido avanço tecnológico ocorrido em termos de telecomunicações, conectividade e softwares logísticos, torna o Cubo uma iniciativa de vanguarda tecnológica, com potencial de avanço para inúmeros processos logísticos, além do CTT”, revela Rodrigo Vinchi, diretor Agrícola da Atvos.
Os ganhos de produtividade foram obtidos com a centralização do monitoramento e controle de colhedoras, tratores e caminhões. Cada etapa do processo – tempo de deslocamento, rotas, paradas e manutenção – passou a ser acompanhada de uma base remota, localizada no escritório em Campinas, SP, que se comunica por rádio com os operadores.
Cada unidade agroindustrial da Atvos contava com uma central de monitoramento, mas sem a visão integrada e resposta imediata proporcionadas pelo Projeto Cubo. Toda a frota também já possuía tecnologia embarcada, sem, no entanto, a integração.
A gestão integrada e a padronização de processos, somada à programação automática dos caminhões, otimizou o tempo de utilização do maquinário em 20%. “Com a aplicação de tecnologia embarcada, passamos a obter informações precisas, integradas e em tempo real”, explica Vinchi.
O aprimoramento da frota da empresa permitiu reduzir 24 veículos, entre tratores, colhedoras e caminhões, somente nas unidades participantes do projeto piloto. Quando o Projeto Cubo estiver totalmente implantado haverá potencial para retirada de até 87 equipamentos, que corresponde a 20% do maquinário utilizado hoje.
Tecnologias implementadas pela Atvos
O Projeto Cubo abrangeu a instalação de totens de check in e check out, de sistemas de monitoramento e comunicação, implantação de firewall & switch para segurança da informação e um software logístico em nuvem, além da torre de controle.
“Foi necessária a padronização e configuração dos computadores de bordo da frota. Para uma visão gerencial e operacional, adotamos um sistema B.I e a programação de fluxo de decisões foi integrada aos indicadores”, explica Vinchi.
Além disso, a companhia implementou o Kaizala, um aplicativo móvel de chat seguro para envio de relatórios de performance hora a hora e comunicação entre as equipes do Cubo e a liderança no campo.
Um cuidado importante, de acordo com o diretor Agrícola da Atvos, foi ter uma solução contingencial de cobertura via satélite para áreas sem conectividade. Também foram feitas adequações na estrutura dos pátios e a construção de vias para despacho logístico.
Quando o Projeto Cubo estiver totalmente implantado em 2021, com um investimento de R$ 12 milhões em todas as unidades, a expectativa é alcançar uma economia de R$ 34 milhões recorrentes por ano.
A ideia, de acordo com Vinchi, é que os recursos economizados com máquinas e equipamentos – que consomem entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões por safra – sejam direcionados ao plantio de cana-de-açúcar.
“Estimamos que a economia prevista com o projeto permitirá o plantio de 4 mil a 5 mil hectares ao ano o que, se traduzidos apenas em áreas novas, representaria cerca de 300 mil t de cana colhidas a mais em cada safra”, afirma.
Com a estratégia de investimentos definida pela atual administração, o custo por tonelada de cana transportada será reduzido em R$ 1,84.
“Melhorar o custo fixo gera vantagens financeiras no curto prazo, mesmo sendo um projeto de longa maturação. Estamos utilizando as economias financeiras para reinvestimentos, como renovação e expansão do canavial, impulsionando o ciclo de valorização da empresa”, afirma Vinchi.
Em outubro, a empresa começará a integrar as atividades nas lavouras de duas usinas após investimentos em monitoramento e conexão de máquinas agrícolas em tempo real.
A integração das operações agrícolas começou a ser testada no ano passado em áreas próprias nas usinas Eldorado e Santa Luzia, ambas em Mato Grosso do Sul. A partir do mês que vem, o projeto terá início nas usinas Conquista do Pontal e Rio Claro — localizadas em São Paulo e Goiás, respectivamente.
Nas usinas sul-mato-grossenses, foram instaladas torres de satélite e sistemas de automação que permitem que operadores façam a gestão das máquinas agrícolas em tempo real e partir de uma central em Campinas (SP). Durante a pandemia, esse controle vem sendo realizado em home office.
O objetivo é agilizar as atividades agrícolas, aumentar a produtividade das máquinas e reduzir custos. E essas metas já vêm sendo alcançadas, segundo Rodrigo Vinchi, diretor agrícola da Atvos. Até o momento, o sistema aumentou o tempo de uso das máquinas em campo em 20% a 25%, o que vem reduzindo a demanda por equipamentos.
“Havia uma central de monitoramento, mas não com visão integrada. Se tivesse um caminhão quebrado na estrada, ou se a indústria estivesse com problema, não havia interligação. Agora vemos todo o processo”, afirmou Vinchi.
O grupo vai expandir o projeto, batizado de Cubo, para as oito usinas em atividade até março de 2021. Com um investimento de R$ 12 milhões em todas as unidades, a redução de custos esperada é de R$ 34 milhões ao ano, ante investimentos na área agrícola que ficam entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões por temporada.
A ideia é que os recursos economizados com máquinas e equipamentos (que consomem entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões por safra) sejam direcionados ao plantio de cana-de-açúcar, área que a empresa mais precisa investir para recuperar a produção após anos de crise.
Vinchi estima que a economia prevista com o projeto permitirá o plantio de 4 mil a 5 mil hectares ao ano — o que, se traduzidos apenas em áreas novas, representaria cerca de 300 mil toneladas de cana colhidas a mais em cada safra. Na safra atual (2020/21), a companhia deve moer 27 milhões de toneladas de cana, em linha com o volume moído na safra passada (26,9 milhões).
Segunda maior produtora de etanol do país, a Atvos teve seu plano de recuperação judicial homologado em meados de agosto depois de acumular dívidas da ordem de R$ 15 bilhões. A homologação se deu mesmo em meio à confusão gerada depois que o Lone Star comprou de credores da Odebrecht, por R$ 5 milhões, o controle da sucroalcooleira. Essa aquisição é questionada pela Odebrecht na Justiça e em tribunal arbitral e a pendenga segue indefinida.Natália Cherubin
Por: Natália Cherubin
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