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Cana: usinas podem ficar sem caixa para safra 2020/21

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A safra 2020/21 começa oficialmente hoje, dia primeiro de abril. O que se nota é o fato de que em pouco menos de um mês a pandemia do Covid-19 fez com que o cenário mudasse drasticamente. Se antes o que mais se falava era em retomada, hoje o que mais tem sido visto em análises é a ideia de um cenário jamais visto.

No primeiro momento, o etanol parece ser o mais prejudicado. A forte diminuição das compras de etanol pelas distribuidoras, tanto dos volumes já contratados como dos que começariam a ser contratados neste início da safra 2020/21, se prolongada por mais três meses, pode levar a maioria das usinas do Centro-Sul a não ter caixa para prosseguir as operações da safra. Essa é a avaliação do diretor técnico da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues.
Dada a ampla disparidade na situação de liquidez e de flexibilidade produtiva no setor, alguns grupos ainda conseguem bancar os custos da safra por mais meses e maximizar a produção de açúcar, boa parte já contratado. “Mas quem não tem três meses de capital de giro terá mais dificuldade. E muitas não passam de um mês, mesmo vendendo pouco”.
Segundo a Unica, nos primeiros seis meses da safra, as usinas desembolsam 70% de seu faturamento com custos operacionais. Isso equivale a cerca de R$ 62 bilhões, considerando a receita da temporada 2019/20, de R$ 88,5 bilhões.
As usinas estão buscando renegociar os termos dos contratos com as distribuidoras para preservar alguma receita, mas algumas já pedem a intervenção da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A NovaBio, que representa 40 usinas, sobretudo do Nordeste, enviou carta pedindo à ANP para “coibir excessos” e buscar “uma solução regulatória menos recessiva para os produtores”. A Unica ainda discutirá posicionamento interno.
Em nota ao Valor, a agência disse que não faz parte de suas competências “intervir na execução contratual entre os agentes regulados, cabendo aos mesmos e dentro das regras ali estabelecidas cumprirem os compromissos assumidos ou proporem renegociação” para novos acordos.
A BR Distribuidora, que enviou carta a todos os seus fornecedores – inclusive à Petrobras e a importadores -, disse que não invocou o mecanismo de “força maior” e que enviou carta “para ajudá-los no planejamento” dados os impactos do coronavírus. Desde meados de março, as vendas diárias do ciclo Otto da distribuidora caíram 50%.
“Usamos o termo ´força maior´ para contextualizar. Não quero nem vou usar isso”, afirmou Marcelo Bragança, diretor de Operações, Logística e Sourcing da BR. Legalmente, o acionamento formal do mecanismo desobriga as partes de cumprimento do contrato. Mas, segundo Bragança, “não tem nenhuma ação unilateral da companhia de cancelar. Vamos negociar com cada um”.
Segundo Bragança, “praticamente todos os fornecedores retornaram” e estão sendo renegociados tanto alongamento do prazo de entrega como redução de volumes.
Em nota, a Raízen informou que “começou a sinalizar aos seus fornecedores de etanol a necessidade de revisão dos volumes originalmente programados” e que deu “a notícia sobre o evento de força maior em curso o quanto antes possível”.
Um usineiro do Centro-Oeste, que preferiu não se identificar, avaliou que a revisão dos contratos deve ter impacto limitado,.já que os contratos atuais referem-se a entregas para abril e maio, com poucos casos de contratos de longo prazo.
E, como o mix desta safra será mais açucareiro, as usinas podem ter alguma receita com açúcar. Embora seja um mercado de menor liquidez, 80% da venda pode ser recebido na semana seguinte à entrega à trading,.e 20% na conclusão do embarque, segundo um trader.
A preocupação maior é com os contratos de anidro para 12 meses. Pela regra da ANP, as distribuidoras devem contratar 70% da demanda anidro de um ano até o fim de abril. Mas as distribuidoras já pediram à ANP mais prazo e a reavaliação dos volumes a serem contratados.

Mas. Desse. 

Mas. Desse modo. Mas.
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