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Coronavírus: impactos no preço do ATR e etanol

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A pandemia do Coronavírus já começa a montar alguns cenários econômicos não só para o mundo como também para o Brasil e para o setor sucroenergético.

A pandemia do Coronavírus (Covid-19) já começa a montar alguns cenários econômicos não só para o mundo como também para o Brasil e para o setor sucroenergético. “Aquele ano maravilhoso, com o céu cor de rosa que estávamos desenhando no começo do ano, se tornou um céu de nuvens carregadas, sujeitas a muita instabilidade e muitas trovoadas”, afirmou Arnaldo Correia, consultor e diretor da Archer Consulting.

Mas quais deverão ser os impactos a partir de agora?

O maior impacto e mais assustador, segundo Haroldo Torres, economista e pesquisador do Pecege (Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas), será no preço do ATR.

“Deveremos ter um impacto significativo no preço do ATR para a safra 2020/21. Lembrando que na metodologia do Consecana, o preço do ATR segue literalmente o preço da Bolsa Nova York, no caso do açúcar, e a taxa de câmbio do dia, portanto, esse movimento segue justamente o que vai acontecer lá fora”, afirma.

Torres destaca que mesmo que as usinas tenham aproveitado para fixar o açúcar recentemente a preços muito bons, cerca de R$ 1.500 por t, no Consecana, capta-se os preços de futuro e câmbio e não as operações de hedge efetiva das usinas e aí, como as usinas vão pegar o preço a partir de abril, deverá haver uma redução provável no preço do ATR.

O açúcar deverá sentir os impactos de uma menor demanda e também verá queda nos preços. E, embora exista uma desvalorização cambial, o etanol tende a ter uma redução de preços em função da redução do valor do petróleo no mercado internacional. A própria Petrobras já reduziu em 9,5% o preço da gasolina na refinaria na última semana.

“O cenário agora já se materializa em termos de redução da atividade econômica e demanda como um todo. Para o etanol temos dois efeitos. Temos no Brasil as pessoas circulando menos, reduzindo atividades, isso reduz consumo de combustíveis, uma vez que está ligado direto ao PIB. Então o etanol vai sofrer dos dois lados, preços menores e demanda relativamente menor e mais fraca comparativamente ao ano passado”, destaca o economista do Pecege.

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Para Correa, enquanto o dólar estiver extremamente valorizado em relação ao real e as usinas façam as contas e percebam que fixar Nova York para a safra 2020/21 e 2021/22 dá um retorno de R$ 1.350 por t, Nova York continuará bastante pressionada. Principalmente em função do quadro que o petróleo tem apresentado.

“Não podemos esquecer que o petróleo sofreu uma queda brusca em função da determinação da Arábia Saudita e que acabou sendo piorado pelo Coronavírus, então, estamos em uma situação de extrema pressão. A gasolina certamente vai sofrer nova redução de preços por parte da Petrobras. Estimo que seja em torno de R$ 0,15 cents por litro. Então essa redução que ainda não passou para os postos vai ser determinante para a piora da rentabilidade do hidratado, porque ele acaba competindo com a gasolina na paridade”, observa o consultor da Archer Consulting.

Isso, de acordo com ele, vai fazer com que as usinas, nesta safra, produzam uma quantidade maior de açúcar, que, segundo estimativas de analistas, em função do Coronavírus, terá uma redução no consumo no mundo em torno de 2 milhões de t.

Para Celso Albano, diretor-executivo da Orplana, os impactos dependerão do tempo de isolamento dos países.

“Não acredito que o consumo de bens pode cair, pois todo mundo se alimenta e a frenesi de estocagem pode até aumentar o consumo de alguns bens, tais como açúcar. Mas no caso do etanol, aí sim é preocupante, pois a frota de veículos particulares pode diminuir a circulação e o consumo também, forçando os preços para baixo. Aliado a isso o preço do petróleo caindo”, aponta.

Ainda de acordo com Albano, tudo vai depender do desenrolar do cenário preocupante que assola todos os países. “Mas a composição do preço do ATR é feita em 20% da média de comercialização do último trimestre, 30% bimestre e 50% no mês anterior. Sendo assim, a afetação do valor do ATR vai sendo percebida gradativamente. O fechamento está tendendo para próximo de 0,65. O começo de safra estava prometendo um valor bem maior. O que se deve aguardar é a reflexão do preço do açúcar no mercado, pois na composição de preços ele pesa muito, além do etanol anidro e hidratado”, disse à RPAnews.

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