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Edição 200

Editorial – Redução de custos

Publicado

em

Ricardo Pinto

O pai está na sala de casa com seu filho. Abre as correspondências e uma delas é a cobrança da mensalidade da escola do menino. Espantado, ele diz:

– Meu Deus, mas como é caro estudar neste teu colégio!

Ao que o filho prontamente responde:

– E, pai, olha que eu sou o que menos estuda lá na minha turma…

O tema da redução de custos está na ordem do dia de todos nós, sejam nas empresas, nas famílias ou em nossas finanças pessoais. No entanto, ainda existe razoável incompreensão acerca de como reduzir custos, como bem demonstrou o filho na pequena história acima.

Ainda há muitas empresas que têm medo e até relutam em tratar de seus custos, sob o argumento de que mexer neles poderá implicar em perdas em outras áreas. Custos altos via de regra são indicativos de problemas internos que têm passado despercebidos, tais como: falta de processos otimizados, desperdício de materiais e/ou recursos, alto índice de defeito no processo produtivo e mesmo contratos de serviços com preços acima da média de mercado.

Segundo o renomado consultor brasileiro Vicente Falconi, o raciocínio certo para se reduzir custos está embasado na Análise do Valor. Assim, a pergunta a se fazer sobre cada custo é: este custo agrega valor para a minha empresa? Se não agrega, é desperdício e deve ser forte candidato à eliminação. Assim, o que se deve procurar para reduzir nas empresas não são custos, mas sim desperdícios (ou lacunas, como o consultor também designa).

Quando o gestor de uma empresa descobre seus desperdícios e atua para eliminá-los ou reduzi-los, consegue não só diminuir seus custos, mas automaticamente atinge três outros importantes alvos para sua empresa: aumenta sua rentabilidade, incrementa sua competitividade e proporciona maior disponibilidade de capital (sobra de caixa) para lhe dar maior solidez, inclusive para novos investimentos que gerem mais receita. Trata-se de um ciclo virtuoso de benefícios à empresa.

Segundo Falconi, os desperdícios costumam ser invisíveis. Afinal, se nós os conhecêssemos, já os teríamos eliminado. Assim, todas as despesas que não agregam valor deveriam merecer especial atenção de nossa parte, pois nelas residem oportunidades de ganhos.

Também há custos que agregam valor, mas que merecem atenção. Devemos monitorar e comparar todos os nossos custos com valores ideais (benchmarks) para que identifiquemos nossas perdas.

Além disso, como costumo dizer: “Custo é como unha. Devemos olhá-los todos os dias e cortá-los uma vez por semana”. Isso demonstra que o esforço de redução de custos não pode ser pontual, mas sim contínuo e perene.

Neste âmbito, é importante lembrar que há uma resistência natural das pessoas em querer expor seus problemas. Aliás, os problemas pessoais e culturais são muito fortes nas empresas. Devemos incentivar a criação da “cultura de enfrentamento dos fatos” – palavras de Falconi -, ou seja, de se passar a ter orgulho em mostrar suas próprias lacunas (oportunidades de ganhos, desperdícios ou problemas) e levar seu time a resolver estes problemas. Logo, é fundamental que se elogie as pessoas que expõem e apresentam seus problemas!

Finalmente, para que se consiga reduzir sempre os custos de uma empresa, Falconi recomenda calcular anualmente todas as suas lacunas (oportunidades de ganhos). Desta maneira, a empresa disporá sempre de um cardápio de problemas a serem resolvidos.

Para sua empresa ser realmente competitiva em seus custos, haverá sempre muito trabalho à frente que demandará dedicação diuturna. Mantenha suas unhas e seus custos cortados!

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