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Edição 205

Fórum – O setor deverá ter uma recuperação dos canaviais na safra 2019/20?

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em

Natália Cherubin

/ VOLUME DE CANA PODE SER MENOR
“Os canaviais vão envelhecer um pouco mais. Os plantios não chegaram de novo na taxa para se manter o canavial com a mesma idade. Estamos com um regime de chuvas de verão, por enquanto, bem instável. Horas com muita chuva, horas com pouca. Essa instabilidade prejudica o plantio de cana de 18 meses que via de regra representa no Centro-Sul de 70% a 75% do total de plantio. Se a gente perde essa janela e sobra janela de plantio de inverno e ano, geram produtividades piores para a outra safra. Sobre tratos culturais dos canaviais, difícil de dizer, mas de uma forma genérica, foi um ano (2018/19) em que que se poupou bastante nos tratos culturais. Não que as usinas não fizeram, mas foram bastante espartanas. Não é para se esperar nenhum desempenho muito bom do ponto de vista de que nutrimos muito bem, corrigimos muito bem e controlamos muito bem o mato, porque as usinas foram bastante econômicas nos tratos culturais. A ordem era realmente controlar custos no nível de manter a empresa sobrevivendo, dado aos baixos preços de açúcar e não tão bons assim do etanol. A safra 2019/20 para mim vai ser de TCH um pouco pior do que a safra que está encerrando. Não estou com estatísticas e números, mas pela realidade que monitoramos e acompanhamos nas usinas durante a safra 2018/19, com dificuldade grande de crédito, preços ruins, usinas segurando custos de todas as formas. A não ser que seja um ano muito atípico de precipitações, o que por enquanto não parece, é para se esperar uma safra com um volume de cana um pouco menor.”
Ricardo Pinto, sócio-diretor da RPA Consultoria

/ DEPENDE DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS
“As empresas estão procurando manter a produtividade agrícola com vida útil do canavial mais longa. A busca deve ser no sentido de uma produtividade de 85 t/ha não mais com apenas quatro cortes, mas sim com seis ou sete cortes. Durante o ano de 2018 o plantio da região Centro-Sul teve uma redução de 4,5% em relação ao plantio de 2017. Quanto ao plantio de cana de ano e meio (dez/2018 a mar/2019), a projeção de plantio das empresas é de um incremento de 5,3%. Portanto, o canavial a ser colhido na próxima safra tende a ter a mesma idade média da safra 2018/19 e a oferta de cana vai depender das condições climáticas.”
Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da Unica

AINDA NÃO
“Os investimentos no plantio – qualidade operacional, insumos, equipamentos, metodologia de plantio e tratos – não foram melhores. Pontualmente, algumas usinas e fornecedores se esforçaram em fazer melhor e fizeram, mas não é regra. Tem esforço de novos gestores contratados por empresas, mas não foram suficientes para causar impacto na produção. Aliás, falta planejamento para tal e o percentual de plantio foi baixo.”
Bernado Ide, consultor da Canaplan

/ RECUPERAÇÃO SÓ EM 2020
“Não creio numa recuperação vigorosa dos canaviais nessa safra 2019/20. Na safra passada tivemos preços decentes no etanol e cogeração de energia de exportação, mas o açúcar ainda não remunerou. Somando isso ao alto endividamento da maioria das usinas e ao aperto na oferta de crédito, pouco espaço temos para pensar e investir o necessário para reforma e manutenção dos canaviais. Num cenário de pouco investimento, com o canavial envelhecido, com uma seca no período de maio a agosto de 2018, agravado por um período de pouca chuva nesse mês de janeiro de 2019 não vejo uma melhora no curto prazo, ao contrário, espero uma safra menor em 2019/20. No meu entender essa melhora dos canaviais vai acontecer num prazo médio em torno de três a quatro anos, pois o setor já identificou os problemas de produtividade dos nossos canaviais (TCH e ATR) e está atento a isso, procurando alternativas e planejando atitudes nesse sentido. Isso com certeza vai trazer resultados, mas não antes de 2022. Nosso caso específico, já havíamos identificado esse problema e tomamos atitude no sentido de termos uma melhora já a partir de 2020, quando deveremos ter 4.100 ha de cana planta, com mais de 50% do nosso canavial com idade média menor que três anos e raio médio menor que 15 km já na safra 2020/21.”
Ricardo Junqueira, CEO da Diana Bioenergia

/ SAFRA PODE SER PARECIDA COM A ANTERIOR
“Por ter sido um ano 2018/19 com déficit hídrico muito acentuado e com um início de ano 2019/20 também sem chuva, não estamos nada otimistas em relação a uma recuperação dos nossos canaviais. Tivemos um dezembro de 2018 no município de Macatuba, no qual também atuamos, um índice de chuvas completamente atípico dos anos anteriores, uma média de 7 mm, sendo um dos meses que a cana mais se desenvolve. Nas demais regiões, muitas chuvas irregulares. No entanto, como sempre digo, não existe uma safra igual a outra! Vamos torcer que no mínimo tenhamos a mesma cana que tivemos na safra 2018/19.”
Paulo Roberto Artioli, produtor rural e diretor da Tecnocana

/ SETOR DEPENDE DO CLIMA
“Ao menos na região do Oeste paulista ainda não podemos ver e sentir essa recuperação, pois tivemos no ano passado umas das maiores secas já vistas, 150 dias sem chuvas. Aqui na região fechamos o ano com 799 mm em 2018. As canas plantas de 2018 passaram por outro veranico, este agora pior, pois é em dezembro que a cana ganha até 16 t/ha de massa verde. Este ano não ganhou nem 5 t/ha de massa verde! Então estamos dependentes do clima. Janeiro não está diferente de dezembro.”
Luiz Romeu Voss, diretor da LRVoss Consultoria

/ NÃO HAVERÁ RECUPERAÇÃO

“Por questões climáticas acredito que não, pois estamos percebendo até o final de janeiro um déficit hídrico acentuado. Por renovação dos canaviais: acho que o investimento não foi suficiente para esta recuperação. Além disso, este ano a infestação de ervas invasoras nas lavouras está muito maior que nos anos anteriores.”
Luiz Carlos Dalben, produtor rural da Agrícola Rio Claro

/ DIMINUIÇÃO DAPRODUÇÃO
“Não acredito em grandes mudanças, pois não tivemos grandes mudanças nas condições operacionais. Ficará muito suscetível ao comportamento do clima, não havendo grandes variações nem para cima nem para baixo. Tivemos e estamos tendo condições climáticas muito adiversas. Estamos com dezembro e janeiro com deficiência hídrica nas principais regiões produtoras e isto pode trazer quebras. As tecnologias, por problemas principalmente de custos, não foram utilizadas na sua plenitude. Pelas informações que tenho, os canaviais continuam envelhecendo e, portanto, nas condições atuais apostaria mais em diminuição da produção.”
Ismael Perina, produtor rural

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