Natália Cherubin
Muito além de entender sobre como as condições climáticas e a colheita mecanizada vem afetando a produtividade dos canaviais, outro fator considerado chave é o manejo varietal de cana-de-açúcar, que ao longo dos últimos dez anos, segundo os censos realizados, tem mostrado lentidão por parte do setor na aderência de novos materiais. Apesar disso, ao analisar dados dos últimos censos realizados pelo IAC (Instituto Agronômico) e ao conversar com unidades produtoras, é notável a maior intenção de renovação, que por mais lenta que seja, vem avançando graças a tecnologias como a MPB (Muda Pré-Brotada) e aos métodos de plantio como meiosi e cantosi. A terceira edição do maior censo de variedades de cana do Brasil e de intenção de plantio para a safra 2019/20, realizado pelo IAC e divulgado no final de 2018, mostra isso.
O censo da safra 2018/19 – que até o fechamento desta edição ainda estava sendo finalizado, de acordo com pesquisador Rubens Leite do Canto Braga Jr., consultor em Planejamento Estratégico e responsável pelo Censo Varietal IAC – bateu o recorde com a participação de 216 unidades, totalizando aproximadamente 5,957 milhões de ha, que correspondem aos estados da Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Tocantins.
Os resultados relacionados a maior região produtora do País, o Centro-Sul, mostram que apesar de continuar como líder nos canaviais já cultivados, é possível observar perda de espaço da variedade RB867515. De acordo com o censo, ela está presente em 23% dos canaviais desta região, queda significativa, se comparado ao censo de 2017/18, que mostra a variedade em 27,3% das áreas (Figura 1).
Figura 1 – Censo Varietal IAC Região Centro-Sul
Área cultivada na safra 2018/19 (dados de até 1 de fevereiro de 2019)

Já a variedade CTC4 é uma das que tem apresentado maior crescimento em relação as últimas cinco safras. Só para se ter uma ideia, na safra 2012/13, ela cobria apenas 0,9% dos canaviais da região, número que subiu para 4,5% na safra 2017/18 e agora para 8% na safra 2018/19, de acordo com os censos do IAC. A RB966928 também vem ganhando espaço. Na safra 2017/18 ocupava 10,2% das áreas e agora é cultivada em 13% das áreas.
Para Marcos Guimarães de Andrade Landell, pesquisador do IAC e Braga Junior, a expansão das variedades de cana-de-açúcar ocorre de maneira lenta em função de ser uma cultura semi-perene multiplicada vegetativamente e também pelo tradicionalismo e insegurança dos produtores, que relutam em substituir as variedades que eles já cultivam.
Figura 2 – Último Censo Varietal de Intenção de Plantio, que contou com 165 unidades produtoras, mostra crescimento de variedades CTC
“Se observarmos as principais variedades cultivadas na região Centro-Sul do Brasil nos últimos cinco anos, percebemos que houveram poucas alterações, excetuando-se o crescimento das variedades RB966928 e CTC4 e a diminuição da variedade SP81-3250 em função do aparecimento da ferrugem alaranjada. No entanto, nos últimos três anos, nos parece que esta dinâmica teve uma pequena alteração, ou seja, a velocidade de expansão de novas variedades se tornou maior e nós atribuímos isso ao uso do MPB associado a técnica da Meiosi, que chega a promover crescimento de 700 vezes em uma nova variedade no período de aproximadamente dez meses. Portanto, cremos que cada vez mais veremos variedades de recém-lançamento assumir áreas mais significativas na lavoura comercial”, afirmam os pesquisadores do IAC.
Luiz Antonio Paes, gerente de Marketing e Negócios do CTC, enxerga uma grande evolução no perfil varietal dos últimos cinco anos. “Na safra 2013/14 as três principais variedades cultivadas representavam cerca de 50% da área e eram variedades desenvolvidas na década de 80. Na safra 2018/19, apenas uma delas ainda continua no grupo das três principais, duas foram substituídas por variedades mais modernas, tais como a CTC4, lançada em 2005.”
A INTENÇÃO É EVOLUIR
Além do que já está cultivado, o censo apresentou o resultado de intenção de plantio para a safra 2019/20 de 165 unidades produtoras, número que representa quase 50% unidades sucroalcooleiras brasileiras e que correspondem a uma área de 791 mil ha.
Os resultados para a região Centro-Sul não foram novidade. A primeira variedade que continua como a mais plantada em 15,2% das unidades que participaram do censo, é a RB867515, seguida da CTC 4, com 13,2%. A terceira mais plantada, por 12,7% é a RB966928 seguida, em quarto lugar, por outra CTC, a 9001, em 9,9% das áreas (Figura2).
Mais uma vez, é possível ver o crescimento das variedades CTC no Centro-Sul. A pesquisa de intenção mostra as quedas de 60,5% para 49,2% de plantio das variedades RB e de 11,8% para 4,7% no plantio da SP, e o crescimento de 20,1% das variedades CTCs para 35,7% e 4,5 para 5,1% em IACs. Ainda aponta um crescimento significativo de variedades CV de 1,7% para 4,6% (Figuras 3 e 4).
Entre as RBs, presentes em 389 mil ha da região Centro-Sul, predominam a RB867515, com 31% e a RB966928 com 26%. Nos 283 mil ha de CTCs, predominam a CTC4 com 37% e a CTC 9001 com 28%. Entre as mais plantadas do IAC, presentes em 41 mil ha, estão a IACSP 95-5094 e a IACSP91-1099 com 32% cada uma, seguido da IACSP 95-5000 com 16%.
CONCENTRAÇÃO VARIETAL
Houve redução de 77,1% para 66,1% na concentração varietal. Essa incidência da concentração de variedades indica a relutância dos canavicultores em apostar em novos materiais, mesmo tendo conhecimento sobre os riscos biológicos pela falta de diversidade varietal.
Os estados do Espírito Santo e do Mato Grosso são o que têm o maior índice de concentração varietal por região. Nos canaviais capixabas, em 68% da área cultivada predomina a RB867515, que também está em 47% das lavouras mato-grossenses e é a mais cultivada em todos os estados brasileiros. São Paulo tem se mostrado mais eficiente na modernização varietal, conforme constatado nesta e nas edições anteriores do censo. Ribeirão Preto, no interior paulista, apresenta a menor concentração varietal. Também está nesta região a maior intenção de plantar materiais IAC na próxima safra, com 5,5% para a IACSP95-5094, que ocupa o quinto lugar nas manifestações de interesse. A primeira é a CTC4, com 13,1%.
Em Piracicaba, com 39 mil ha amostrados, 2,2% pretendem plantar a IACSP95-5000. Na região de Araçatuba, SP a renovação se mostra mais lenta – apesar de não haver variedade IAC na área cultivada, na área plantada recentemente aparece a variedade IAC91-2195, com 1,2%.
“A introdução de novas variedades tem sido muito lenta nos canaviais brasileiros. O IAV-Índice de atualização varietal que mede o nível de adoção de novas variedades mostra que, em média, temos usado variedades com mais de 28 anos após o cruzamento, quando esse número deveria estar abaixo de 25 anos, lembrando que essa média já foi igual a 22 anos. A adoção de novas variedades é uma importante ferramenta para o ganho de produtividade e deveria estar no radar dos produtores de maneira mais intensa”, alerta Landell.
ADOÇÃO DE NOVOS MATERIAS
Com restrições em sua adaptação aos sistemas mecanizados, a RB867515 finalmente parece estar perdendo seu lugar nos canaviais, pelo menos no Estado de São Paulo, onde a variedade está na quarta posição nas intenções de plantio para a próxima safra.
Segundo Landell, a pesquisa regionalizada e a maior comunicação da Ridesa com os produtores facilita a adoção das variedades RB. Além disso, a principal variedade, a 7515, teve seu crescimento no “boom” ocorrido entre 2005 e 2012, quando a cana dobrou de área no Brasil. E os bons resultados obtidos por essa variedade nas regiões de expansão do cerrado brasileiro foi que fizeram com que as variedades RB alcançassem esse patamar.
“Em contrapartida, a RB867515 foi lançada quando o manejo da cana era todo manual e hoje, o fato de termos plena mecanização do plantio e da colheita, faz com que diversos produtores estejam em processo de substituição da mesma, pois ela tem sido superada por outras variedades mais novas quando consideramos a adaptação a mecanização”, destacam Landell e Braga.
Paes vê maior aceitação das novas variedades do CTC pelas usinas e produtores. De acordo com ele, o censo de intenção de plantio divulgado pelo IAC mostra que metade das dez principais variedades que serão plantadas na safra são novas, lançadas a partir de ٢٠٠٥, sendo quatro delas lançadas a partir de 2012. Neste grupo destacam-se, além da CTC4, três variedades CTC da Série 9000, onde uma delas, a CTC9001, é a variedade com maior taxa de crescimento de área no Centro-Sul em período equivalente. “Recentemente, esta variedade foi modificada geneticamente tornando-a resistente à broca. Ela já foi, inclusive, aprovada pela CTNbio e será disponibilizada para plantio durante a safra 2019/20”, salienta o gerente de Marketing e Negócios do CTC.
Figura 3 e 4 – Comparativo entre o Censo 2018/19 e a intenção para safra 2019/20 na Região Centro-SuL
Fonte: Censo de Variedades de cana IAC 2018/19
ESTRATÉGIAS PARA CRESCER
Com áreas ainda pequenas – que somam apenas 5,1% da intenção de plantio no Centro-Sul – o IAC, através do Programa Cana IAC tem intensificado as suas ações no sentido de gerar variedades mais modernas, com alto perfilhamento, adaptadas à mecanização, com alta produtividade e livres de doenças.
Por meio do uso do MPB o programa está encurtando significativamente o tempo entre o cruzamento e a liberação das variedades, visando aproveitar mais rapidamente o ganho genético das novas variedades. “O Programa possui equipe multi-disciplinar que atua em todas as áreas da produção da cana, auxiliando os produtores nos mais diversos aspectos da produção. Um exemplo disso, é o uso do manejo do Terceiro Eixo, desenvolvido e preconizado pelo IAC, e que tem dado maior visibilidade e sucesso para as variedades desta sigla em praticamente todas as regiões de cana do Brasil”, afirmam os pesquisadores Landell e Braga.
O CTC vem crescendo nas áreas canavieiras mesmo após adotar um modelo de negócio baseado na cobrança de royalties em 2012. As variedades CTC, que representavam apenas 10% do plantio em 2012, devem atingir, de acordo com o Censo IAC, cerca de 36% do plantio na próxima safra, um crescimento expressivo em um curto período.
De acordo com Paes, as principais estratégias do CTC para crescimento do market share de suas variedades tem sido através de demonstrações dos resultados de produtividade e margem obtidas com o uso das principais variedades comerciais CTC; lançamento de novas variedades com desempenho significativamente superior aos principais padrões do mercado e com alta sanidade; crescimento do portfólio de variedades geneticamente modificadas, visando atender diferentes ambientes e épocas de plantio; e prestação de serviços de assistência técnica sem paralelo no setor canavieiro, que permitem aos produtores maximizar a captura de benefícios proporcionados pelo portfólio CTC.
ÚLTIMOS LANÇAMENTOS
O Programa Cana IAC busca para suas variedades, desde as fases iniciais, características que conferem adaptação à mecanização. Características como porte ereto, capacidade de recompor falhas deixadas pelo plantio e pela colheita mecanizada, brotação de soqueiras, alto perfilhamento, bem como o alto rendimento em açúcar por hectare são as principais virtudes das novas variedades IAC.
“Vale citar, como exemplo, variedades como a IACSP95-5094, que carrega em sua genética essas características e, além de ser tolerante ao acamamento mesmo em altas produtividades, é responsiva ao uso de tecnologias de verticalização, como aquelas relacionadas a nutrição mineral e as de proteção, como as estratégias de mitigação de déficit hídrico. A variedade IACSP97-4039, por sua vez, destaca-se sobretudo pelo sua especificidade, pois é precoce de PUI longo, mas associa a estas importantes características, a rusticidade. Já a variedade IACSP01-5503, merece destaque principalmente pela versatilidade, tendo bons resultados em ambientes favoráveis e até mais desfavoráveis”, detalham os pesquisadores do IAC.
Já as novas variedades CTC destacam-se, segundo Paes, pelos resultados de produtividade, sanidade, adequação à mecanização e aos novos manejos de plantio (meiosi) e colheita (terceiro eixo). Na safra 2019/20 o centro lança dois novos materiais convencionais, as futuras variedades CTC9006 e CTC9007, e a CTC9001BT, segunda variedade geneticamente modificada para o controle da broca.
CANA TRANSGÊNICA
Na safra 2017/18 cerca de 60 usinas da região Centro-Sul do Brasil plantaram a variedades CTC20BT. Em função da grande procura nesta safra, o CTC deve atingir aproximadamente 4000 ha de plantio até o final da safra 2018/19. “A aceitação da cana transgênica tem sido muito boa. O CTC realizou a maior introdução já feita com uma nova variedade, distribuindo mudas para áreas de viveiros nas principais usinas e grupos do setor e os resultados no controle da broca confirmam a eficácia da tecnologia BT”, afirma Paes.
Similar ao processo de introdução de uma variedade convencional, a CTC20BT encontra-se em processo de propagação de mudas, com crescimento gradual da área plantada, uma vez que as novas plantas serão replantadas para expandir a área de cultivo. “Com a CTC20BT os produtores têm observado ganhos de produtividade e redução do custo de controle. Até o momento temos recebido relatos muito positivos em relação ao controle da broca da cana com a variedade BT. As primeiras avaliações comprovam seu desempenho, apresentando eficiência média de controle de 98,5% quando comparada com variedades convencionais em áreas adjacentes”, revela Paes.
Na safra 2019/20 será feita uma introdução ainda maior para a CTC9001BT. “O CTC pretende lançar nos próximos anos um amplo portfólio de variedades geneticamente modificadas, de forma a cobrir os diferentes ambientes de produção e épocas de colheita do setor. Este portfólio completo, inclusive com variedades de outros programas, associado aos resultados já alcançados e a novas tecnologias de controle de pragas e tolerância a herbicida, levarão a cana a repetir, 20 anos depois, o que ocorreu com as outras culturas que adotaram a engenharia genética. Estimamos que em um prazo inferior a dois ciclos da cana, as variedades geneticamente modificadas representarão a maior parte do canavial brasileiro”, ressalta Paes.
O SETOR ESPERA
Jose Olavo Bueno Vendramini, gerente Corporativo Desenvolvimento e Tecnologia Agrícola da Guarani, acredita que o setor vem, nos últimos quatro anos, com um maior número de lançamentos, principalmente para ambientes restritivos de final de safra, o que era uma carência da cultura. No entanto, aponta que o desafio é a variedade performar na área comercial da mesma forma que na área experimental. “Observamos a ocorrência de algumas doenças precocemente comprometendo a performance e multiplicação do material.”
![]() Para Dalben as pesquisas em variedades de cana, desde o fim do IAA-Planalcucar e a mudança da Copersucar para CTC, estão |
Para ele, a variedade ideal seria de PUI longo, ampla adaptabilidade para ambientes de produção de A a D, alto ATR, alta produtividade, resistente a seca e fibra em torno de 15%. “Não temos hoje uma variedade que contemple todos os adjetivos citados, porém temos algumas variedades que apresentam algumas qualidades como a RB975201, a CTC9003, a RB975242, a CTC4, a CV7870 e a RB975952.”
O produtor Ismael Perina, afirma que suas variedades se encaixam bem dentro da sua área de produção. “Temos algumas variedade mais antigas com excelente perfil produtivo e algumas mais novas com comportamento muito interessante. Gostamos muito da variedade RB855156, bastante ‘antiga’, mas que vem tendo um comportamento muito bom, pois produz em ambientes C e D com boa produtividade, precocidade e que, apesar de acamar, acaba entregando bastante. Além disso, com a MPB, sua multiplicação ficou fácil e segura.”
Para o produtor e diretor da Condomínio Agrícola Santa Izabel, Paulo de Araújo Rodrigues, o maior desafio é conhecer a variedade, seu manejo e a melhor alocação em termos de ambiente de produção. “Um dos maiores problemas hoje é não termos este conhecimento consolidado no momento da liberação das variedades.”
O produtor faz uso de 22 variedades comercias em suas áreas, sendo que dez delas representam 80% da área plantada, proporção que será sempre mantida como política e ainda limitando uma variedade ao máximo de 15%. “Desta maneira estamos procurando sempre renovar nosso plantel incorporando novos materiais já comprovados e descartando aqueles que apresentaram problemas”, afirma Rodrigues.
Paulo Roberto Artioli, diretor da Tecnocana, revela que está mudando o conceito do seu manejo de variedades e fazendo o que aprendeu com a soja. “Fazemos os tratamentos certos principalmente focando no uso de fungicidas, que além de fúngico tem um efeito fito tônico que entrega mais produtividade. Assim, estamos recuperando variedades que estávamos deixando de plantar por conta de doenças e pragas.”
Seu mix de variedades é grande. Ele planta desde a safra 2017/18, a RB867515, SP832847, RB9579, CTC15, RB966928, CTC17, CV7870, CTC20, RB855156, RB935744, CTC9001, CTC0002, CTC9004, RB755201, SP32847, SP801816, CV6654, CV0618 e CV7870. Na safra atual incorporou ao seu canavial os materiais CTC9003, RB975242, RB985476, RB975242, IACSP15503 e para a próxima safra, acrescenta a IACSP97-4039, CTC4 e a CTC02627. “De acordo com o nosso ambiente de produção e solo ainda predominam em maior percentual as variedades: RB867515, SP322847, RB92579, CTC15, RB966928 e CTC17, respectivamente. No entanto, as variedades CTC9001, RB5476 e RB975242, são as que estão se mostrando mais produtivas, com excelente perfilhamento e boa colheitabilidade”, detalha Artioli.
Luiz Carlos Dalben, diretor da Agrícola Rio Claro, explica que como planta cana em solos extremamente pobres (87% de ambientes E e D), sempre procura variedades rústicas para estes ambientes. Na atual safra Dalben plantou RB867515, RB966928, IAC 832847, RB855156, CV0618, CV0470, CTC9001, CTC11, CT 96-3346, CT 96-3346, IACSP97-4039 e IACSP96-7569. Para a próxima ele vai mantém o mesmo plantel, mas acrescenta a CTC9002.
“A questão do desenvolvimento de variedades de cana-de-açúcar no Brasil está defasada desde o fechamento do IAA-Planalsucar e a mudança da Copersucar para CTC. Atualmente CTC é uma entidade que visa lucros com suas variedades e o Planalsucar, que se transformou em Ridesa, não tem o mesmo potencial. Resumindo, as duas maiores entidades produtoras de variedades perderam o potencial de produção que tinham no passado. E como o IAC depende muito ainda do governo estadual e a Embrapa esta começando a fazer trabalhos nesta área, acredito que temos muito pouco para um país que tem o potencial sucroenergético como o Brasil. Há necessidade urgente de investir mais no desenvolvimento de novas variedades”, critica o produtor.
Para Perina com muitas variedades disponíveis no mercado, o grande desafio é saber identificar os melhores materiais para cada uma das situações. “O maior problema que vejo hoje diz respeito ao operacional das empresas que não tem se dedicado o suficiente nesta área. O corpo técnico é fundamental neste aspecto.”
DESAFIOS DOS PESQUISADORES
Além de oneroso, o desenvolvimento de variedades demora. Em média, são necessários em torno de 14 anos entre o cruzamento e lançamento de uma nova variedade. E esses são os maiores desafios para as empresas desenvolvedoras “Durante esse período são realizados um enorme número de ensaios que demandam o apoio de uma equipe técnica especializada e comprometida com excelência na experimentação. Essa dificuldade ficou clara nos últimos anos no Brasil, com a interrupção dos programas mantidos pela Monsanto e Syngenta. Os programas de melhoramento ativos tem tentado reduzir esse tempo/custo com a adoção de seleções regionalizadas que permitem a seleção de variedades customizadas para cada uma das regiões produtoras. O apoio das organizações governamentais e das empresas produtoras é primordial na viabilização dessas estratégias”, afirma Landell.
O gerente de Marketing e Negócios do CTC concorda. Para ele, além da complexidade genética grande, o custo de desenvolvimento é elevado e a baixa velocidade de adoção de novas variedades comprometem a atratividade dos investimentos em P&D. “Esse quadro agrava-se ainda mais quando consideramos os desafios associados à introdução de tecnologias no estado da arte (modificação genética, edição genômica e melhoramento assistido)”, afirma Paes.
Para Luiz Romeu Voss, diretor da LRVoss Consultoria, os institutos de pesquisas têm fornecido bons materiais, porém da multiplicação até que os novos materiais de alta produção cheguem a moenda tem um longo período devido à pequena quantidade liberada destes materiais promissores. “Cabe a cada unidade, que com seus técnicos conhecem os ambientes de produção da sua área, multiplicar rapidamente através de MPB para suprir as lacunas da logística da colheita, completando o rol de variedades casando ambiente, época de colheita e TAH alto, garantindo assim, a maximização dos lucros.”