Apesar da derrocada dos preços na última semana – que fez os contratos de açúcar de março serem negociados no último dia de fevereiro a USc 14,46/lp, queda de 1,0% frente ao fim de janeiro, na média acumulada do mês, o preço foi 5,4% maior que o observado em janeiro. As informações são do Itaú BBA, cujo relatório Agro mensal foi divulgado ontem, 11.
De acordo com o banco, o mês de fevereiro foi marcado pela consolidação das previsões de déficits elevados no mercado global de açúcar, na medida em que ficou mais claro as quebras de safra na Tailândia e na Índia com o desenvolvimento da colheita.
“A força adicional veio do anúncio de aumento de importação de açúcar pela Indonésia. O país flexibilizou as regras de importação para a Índia, e também favoreceu o Brasil, que há dois anos não exportava para esse destino. Contudo, no final do mês, os preços do açúcar não ficaram incólumes aos efeitos da proliferação do Coronavírus para outros países e as incertezas dos efeitos sobre os fluxos comerciais e o crescimento da economia global”, afirmou relatório.
Além disso, as cotações do petróleo – também sob influência do Coronavírus – despencaram, com o Brent fechando o mês negociado a US$ 50,5 o barril, redução de 12,4% ao longo de fevereiro. Com isso, nem mesmo a desvalorização cambial no período foi suficiente para sustentar os preços de paridade de importação da gasolina, o que fez com que a Petrobras anunciasse a redução das cotações do combustível nas refinarias no Brasil.
Mesmo assim, os preços do açúcar quando convertidos em reais ainda oscilam em patamares remuneradores, ao redor de R$ 1.500/tonelada.
Mercado: perspectivas dependem da duração dos efeitos do Coronavírus
Apesar do cenário ainda positivo para os preços do açúcar, os analistas do Itaú BBA afirmam que paira atualmente sobre o mercado uma nuvem de riscos que podem afetar as cotações do adoçante.
O primeiro diz respeito à intensidade e duração dos efeitos do Coronavírus sobre o fluxo comercial de produtos e também sobre a taxa de crescimento da economia, que pode impactar a demanda mundial do açúcar. Além disso, isso pode reduzir ainda mais os preços do petróleo e, consequentemente, diminuir a atratividade da produção de etanol na próxima safra.
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“Isso pode fazer com que haja um aumento da oferta de açúcar vindo do Brasil e reduzir o tamanho da projeção de déficit global. Adicionalmente, em um cenário de stress maior os fundos especulativos, que possuem uma posição líquida comprada pesada (ao redor de 160 mil contratos), podem ser obrigados a liquidar posições e pressionar as cotações em Nova Iorque”, afirmam os analistas.
Ainda de acordo com o relatório do banco, caso os temores com o Coronavírus se arrefeçam, a taxa de câmbio pode voltar a se valorizar e comprometer as precificações em BRL, principalmente, das safras futuras, que é justamente onde a curva em Nova Iorque cedeu mais significativamente.
“Diante disso, é prudente que o produtor de açúcar fique atento as oportunidades para se proteger de possíveis quedas das cotações para níveis que possam comprometer a rentabilidade”, destacam os analistas do Itaú BBA.