Edição 199
Dropes – 199
DIFICULDADES DAS USINAS INDIANAS
Assim como no Brasil, as usinas na Índia também estão lutando contra os baixos preços praticados no mercado de açúcar. Elas estão vendendo o produto abaixo do custo e, atualmente, devem aos agricultores locais cerca de 200 bilhões de rúpias (US$ 2,95 bilhões). Foi para tentar minimizar esse quadro e ajudar as usinas a pagarem suas dívidas que o governo do país alocou 15,4 bilhões de rúpias (US$ 230 milhões) para subsidiar uma parte dos pagamentos de cana feitos aos agricultores.
O país também permitiu que as usinas de açúcar exportassem açúcar branco dentro de um plano que lhes permite comprar quantidades equivalentes sem pagar imposto de importação dentro de um período de dois anos, a partir de outubro de 2019. Separadamente, o governo pediu às usinas que exportem 2 milhões de t de açúcar como parte de outro programa, que aloca cotas obrigatórias às companhias.
USINAS DO BRASIL CANCELAM VENDAS DE AÇÚCAR
Desestimuladas pela queda dos preços no mercado externo e maior atratividade do etanol, as usinas brasileiras já cancelaram até 500 mil t em contratos de exportação de açúcar e a fixação de vendas futuras mostra-se lenta para esta época do ano. Só em 2018, a referência do açúcar bruto na Bolsa de Nova York registra recuo de 26%, para o menor patamar em anos, dada a perspectiva de ampla oferta. Esse tombo neutraliza, inclusive, o efeito positivo que o recente fortalecimento do dólar ante o real poderia gerar às usinas.
“Com essa disparada do dólar, o valor em reais (do açúcar) é o mesmo de quase um mês atrás. O valor de liquidação do açúcar é praticamente o mesmo”, afirmou o diretor da Archer Consulting, Arnaldo Luiz Corrêa. De acordo com ele, esse cenário levou as companhias a cancelarem até agora entre 400 mil e 500 mil t de açúcar em contratos de exportação para a safra 2018/19, um volume que equivale a cerca de 2% dos embarques potenciais do Brasil no ciclo. “Mais “washouts”, como são conhecidas tais operações, podem ocorrer caso não haja reação nos preços do adoçante. A usina cancela o contrato e aquela cana que iria para produção de açúcar vai para o etanol”, explicou Corrêa.
9 USINAS PODEM PARAR EM RAZÃO DA SAFRA RECORDE DA ÍNDIA E TAILÂNDIA
De acordo com a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), até nove usinas podem não moer cana em 2018/19 devido a problemas financeiros, juntando-se a um grupo de cerca de 80 unidades que interromperam a moagem desde 2008.
O quadro se agrava, segundo a entidade, porque o preço do açúcar está abaixo do custo médio de produção no Brasil após uma queda nos preços globais neste ano, tornando ainda mais difícil para algumas usinas financiar a compra de cana e manter suas fábricas. O Brasil tinha cerca de 330 usinas em 2017, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
CANA TEM VALORES PARECIDOS COM O DA SAFRA PASSADA
Na primeira quinzena de abril a moagem da cana-de-açúcar atingiu 22,21 milhões de t, decorrência do avanço de 25,64% em relação ao mesmo período da safra 2017/18, que processou 17,68 milhões de t. Mesmo apresentando maior moagem, a produção neste período do mês ficou praticamente igual a 2017/18. Os números foram de 713,77 mil t, comparados com as 707,22 mil t produzidas no ano passado.
A redução significativa na produção de açúcar por t de cana no início da safra, fez com que já na primeira metade de abril os números alcançassem apenas 32,13 kg, registando queda de 19,67% na comparação com os 40 kg por t de cana em 2017. A proporção da cana direcionada à fabricação de etanol chegou a 68,50% em abril, contra 60,63% no mesmo período do ano passado.
Estimativas indicam que caso a produção de açúcar por t de cana tivesse sido mantida em 2018, o número total produzido na primeira quinzena atingiria quase 900 mil t. Ou seja, segundo o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, cerca de 200 mil t de açúcar não foram fabricadas na primeira metade de abril por conta da reversão do mix de produção para o etanol.
SENADORES TENTAM ACORDO SOBRE PROIBIÇÃO DE VENDAS DE VEÍCULOS A GASOLINA
Integrantes da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) estão negociando um acordo para permitir a votação de um projeto do senador Telmário Mota (PTB-RR) que veda gradativamente a comercialização de veículos movidos a combustíveis fósseis. Projeto com esse objetivo (PLS 454/2017) já recebeu voto favorável do relator Cristovam Buarque (PPS-DF).
A proposta esteve na pauta da última reunião da CAE, mas não chegou a ser votada depois que alguns parlamentares questionaram a proposta, que pretende eliminar totalmente, a partir de janeiro de 2060, a venda de novos veículos com motor a combustão. Para chegar a esse objetivo, o texto prevê limites a serem compridos ao passar dos anos.
O senador Fernando Bezerra Coelho (PMDB-PE) foi um dos que pediram mais reflexão sobre o assunto. “Em primeiro lugar, a gente precisa saber de onde virá a energia que estará nos eletropostos. A China pretende ter, em 2030, 60% de sua frota eletrificada, mas a energia chinesa vem do carvão. Então é preciso uma discussão bem mais ampla. Não há matriz tão limpa quanto a brasileira e não podemos andar nos mesmos passos de outros países sem olhar para nossa realidade”, afirmou.
O parlamentar disse ainda que o carro híbrido, embora seja uma tecnologia de transição, talvez deva ser utilizado por um período mais longo no Brasil, diante do forte agronegócio do país, capaz de produzir energia limpa, como biocombustíveis (etanol, biomassa ou biodiesel). “Nós precisamos valorizar o carro híbrido. É um carro de transição? Sim, mas por quanto tempo? Talvez para nós faça sentido tê-lo por mais 50 anos, pois vai ser melhor para a economia brasileira.